Exposição "Conceitos..." - 2005

A  Exposição...

 

“... Dentro da idéia de trabalharmos as questões conceituais, a proposta para a exposição foi a de tomarmos alguns temas que já são transversais à arte, à cultura e ao museu, para com eles trazermos um exercício de reflexão do fazer artístico. Estes motes foram: memória, autoria, intenção, particular/ público, intimidade, criação/ construção, pessoal/ coletivo, representação, abstração, conservação e preservação...”

 

“...Refletimos também acerca do valor da arte e de sua função. Neste sentido tratamos transversalmente as questões de valor cultural e social, que acreditamos determinantes na arte – Uma arte cuja função não deve se permitir ser excludente ou omissa...”

Workshop no Instituto Benjamin Constant

 

"Entrada" e "Memória"

"Amarelinha" (infância)

Estabiles (adolescencia)

Intimidade ("armário de  esqueletos",  e som/ gravação do diário)


Sagrado (pontos cardeais)



Conservação (bombonas)


Painel Tátil (beijamim)


O Painel Tátil é resultado do workshop realizado no Instituto Benjamin Constant para Cegos. A proposta era a experimentação individual de diversos tipos de fios em metal para a seguir buscar uma forma conjunta de integração das diversas peças. Resultou principalmente no painel tátil que funcionava contra a luz, e em alguns fios que foram colocados contra o vidro das janelas.

Criação das cédulas_mesa e mobiles (multidão ou mutirão?)


Desta instalação constam cédulas de valor pessoal que foram coletadas durante um ano _ na inauguração de meu Atelier em Santa Teresa, num workshop no INES-Instituto Nacional de Educação de Surdos e também confeccionadas durante a exposição. E um mobile pendente do teto e que se projeta sobre um tapete metálico redondo onde encontramos internamente a palavra Mutirão e externamente pode-se ler Multidão. O móbile serve de suporte para as cédulas que vão sendo penduradas ao longo do tempo.

Interferência ou penetração


A interferência foi feita de forma espontânea, não planejada, pelo artista Carlos Contente...

Excluídos

Os excluídos são artefatos/esculturas que formam uma Instalação externa ao espaço expositivo, de forma a quebrar as regras e recomendações institucionais quanto a segurança das obras. Com isso se tornam vulnerareis ao roubo... 


a exposição " Conceitos..."

 

É uma exposição-obra, da artista Marcia Lins, e consiste em um sistema de instalações que estimulam a experiência sensorial e a atitude criativa e interativa. A exposição faz parte de um evento no qual acontece simultaneamente o ciclo de palestras “Arte e Museologia na Contemporaneidade”. Neste são discutidas questões pertinentes à arte contemporânea e ao museu.  A exposição trata transversalmente temas como Estética, Arte e Museu, Exposição, Preservação e Crítica de Arte. O evento tem lugar na UNIRIO, no bairro da Urca, entre os dias 12 e 17 de setembro de 2005. Das 9:00 às 12:00 horas ( Av. Pasteur 458, URCA)

 

A Exposição "Conceitos..."

por Marcia Lins

  Dentro da idéia de trabalharmos as questões conceituais, a proposta para a exposição foi a de tomarmos alguns temas que já são relacionados à arte, à cultura e ao museu, para com eles trazermos um exercício de reflexão do fazer artístico, ao qual denominei meta-arte.

 Alguns temas abordados foram : memória, intenção, propriedade (particular/público), criação, conservação, preservação, origem (pessoal/coletivo),

representação, pertencimento (inclusão/exclusão). A linha condutora dentro do espaço expositivo foi a referencia temporal à vida - nascimento, infância, adolescência, maturidade e morte, em um ciclo que se renova.

  Tendo como foco a reflexão acerca do valor da arte e de sua função, tratamos transversalmente as questões de valor cultural e social, que acreditamos determinantes no fazer artístico. Fazer este, que não deve se permitir ser excludente ou omisso.

memória e espaço

Nem mesmo sei por que fiz. Lembrava, é certo, daquele prazer antigo das cores no papel. O cheiro do lápis cera. Em que desvio havia me perdido? Não era necessário voltar. Não tinha vontade de voltar, mas de compreender estas lembranças tão mágicas e torná-las vivas. Assim, comecei a rabiscar apreendendo um gesto passado, trazendo memórias dos traços da infância. E então sobre esta camada de cor, uma nova camada de lembranças. Até que afinal, vejo tudo junto, como se não tivesse havido o tempo. Como se pudesse agora, através de minhas memórias, ser todas as que já fui.

 

tensão e equilíbrio

O fio me fascina. O fio que é tecido e que muda de dimensão. Gosto de fio emaranhado, de nós. Das possibilidades de tecer o espaço. Gosto da tensão do equilíbrio. Eu gosto de trabalhar o fio com as mãos – gosto das marcas. Expressões inesperadas... Trabalho o arame buscando o prazer, me libertando da expectativa de uso e função. Vou explorando o contato com o material. Com a ponta dos dedos torno o fio reto. Só depois vou explorando as possibilidades, experimentando. Buscando o equilíbrio dinâmico das interações.

 

dimensão

Recordo de um período na infância, em que aprendia conceitos de tamanho: largueza e proporção. Pensava neste tempo, que o pequeno era o grande encolhido. Então fui apreendendo o mundo com os braços e as mãos, e vi que um fazer pequeno é bem distinto de um fazer gigante. E que “grande e pequeno” era como “próximo e distante”. Não era uma propriedade, mas uma relação. Gosto do fazer pequeno e do fazer grande. Gosto de fazer grande do pequeno (e pequeno no grande).

 

A arte não tem nacionalidade.

Sua localização é cultural, assim como sua temporalidade é histórica.

Dimensões de leitura.

 

pertinência e tempo

Isso de pertencer é questão de momento? Numa hora pertence, noutra é impertinente... É questão talvez do olhar. Da possibilidade de ver. Posso mesmo pensar ou sentir que algo é pertinente. A forma que parece fazer parte... Ou um conteúdo imanente. Mas se consigo voar para além do tempo... Brinco de pertence-não-pertence. O que pertence é o que parece pertencer? E o que envolve ou oprime? O que invade? Ou faço da pertinência uma atitude do cuidado...

 

criação

O movimento de criação é movimento de captura. O olhar é levado a cada cosmo, a cada dimensão. Escolhemos e ordenamos imagens ou sons. Para, à seguir, libertá-los.

 

Integração e dissolução

Fico pensando se, de fato, existe a desagregação ou se, à sombra do tempo, nos falta percepção.


http://fractalarteblues.blogspot.com.br/2014/02/a-exposicao-conceitos-domingo-25-de.html